Natália Correia nasceu, nos Açores, a 13 de setembro de 1923 e é um vulto assinalável e desassombrado da nossa literatura.
Hoje recordo-a.
Há noites...
Há noites que são feitas dos meus braços
e um silêncio comum às violetas
e há sete luas que são sete traços
de sete noites que nunca foram feitas.
Há noites que levamos à cintura
como um cinto de grandes borboletas.
E um risco de sangue na nossa carne escura
de uma espada à bainha de um cometa.
Há noites que nos deixam para trás
enrolados no nosso desencanto
e cisnes brancos que só são iguais
à mais longínqua onda de seu canto.
Há noites que nos levam para onde
o fantasma de nós fica mais perto:
e é sempre a nossa voz que nos responde
e só o nosso nome estava certo.
Desconhecia este poema de Natália que tinha uma garra tremenda!
ResponderEliminarBeijos e um bom domingo!
Também não o conhecia, apareceu-me quando pesquisei.
EliminarAchei-o lindo!
Abraço
Desassombrada, dizes bem. O que a fez ser amada por uns e odiada por outros. Eu, fui sempre sua fã!
ResponderEliminarO seu poema 'Truca-Truca' ou 'O Coito do Morgado', não sei bem como ficou a chamar-se, foi das 'cenas' mais incríveis de aquando foi Deputada na AR e se debatia a despenalização do aborto, perante a afirmação do deputado do CDS de que o acto sexual servia para a procriação. Ora como o dito cujo só tinha um filho...
Considero este poema muito nostálgico, talvez tenha sido escrito numa época menos boa da Poetisa/Escritora, mais rebelde e controversa da sua época.
Escolheste bem a autora.
Abraço
Escolhi-a pelo seu aniversário a 13 de setembro.
EliminarSão tantos os bons poetas portugueses que muitos ficam esquecidos.
Abraço
Bom domingo de Paz, querida Rosa!
ResponderEliminarTem noites e noites...
Temos que adentrar em cada uma e vivê-la o melhor possível.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos fraternos
Obrigada, Roselia!
EliminarAbraço
Natália? Está tudo dito!
ResponderEliminarAbraço
Mas anda para o esquecido!
EliminarAbraço
Noites que revelam, noites que distanciam; o eu que se expõe e se oculta. Silêncios, violetas, borboletas, sangue, espada, cometa — um conflito entre delicadeza e violência. Tom nostálgico com um pacto de beleza que admite a dor como pano de fundo.
ResponderEliminarNatália e Sophia inimigas desde sempre.
Ambas poetas de grande influência e valor.
Abraço neste domingo risonho ☀️
Vamos ver, se também me sorrio, quando souber o resultado das eleições municipais de NRW.
Entre a magia e o desencanto, terminando com o fantasma de si, assim Natália fez chegar até nós um belo poema.
EliminarAbraço
Uma intelectual de grande gabarito.
ResponderEliminarUma guerreira na área social e política, uma mulher cheia de sensibilidade na poesia.
EliminarAbraço
Há noites
ResponderEliminariguais aos dias
Pois há, Rogério!
EliminarAbraço