Serenata
Dize-me tu, montanha dura,
onde nenhum rebanho pasce,
de que lado na terra escura
brilha o nácar da sua face.
Dize-me tu, palmeira fina,
onde nenhum pássaro canta,
em que caverna submarina
seu silêncio em corais descansa.
Dize-me tu, ó céu deserto,
dize-me tu se é muito tarde,
se a vida é longe e a dor é perto
e tudo é feito de acabar-se.
Cecília Meireles, in Antologia Poética
Lindo poema de Cecília Meireles.
ResponderEliminarUm canto que transcende a alegria e a dor.
Abraço
Olinda
A sua poesia é mais marcada pela dor.
EliminarAbraço
Cecília Meireles? Aprovada!
ResponderEliminarAbraço
Tinhas que aprovar!
EliminarAbraço
Cecília Meireles deixou uma obra intimista e densamente feminina.
ResponderEliminarIntimista sim, mas não tanto feminina!
EliminarAbraço
Talvez por não ter lido tudo o que escreveu e ter-me debruçado mais sobre os seus livros infantis, nunca a considerei feminista, como é a opinião da Teresa. O que tenho lido é sobre temas que abordam o amor, a solidão, o tempo e outros.
ResponderEliminarHá alguns anos, lembro-me de tentar requisitar livros infantis da biblioteca, sem sucesso. Tive de os comprar. Por curiosidade, confirmei há instantes que a biblioteca continua a ter 3 ou 4 livros desta autora, mas apenas de referência. Concluo que não é uma escritora conhecida por aqui. De Clarice Lispector há muitos e alguns com listas de espera.
De Cecília Meireles apenas conheço alguma poesia.
EliminarTenho a 3ª edição da sua Antologia, onde, nos Posfácios, José Bento e João Bénard da Costa explanam bem as características da sua poesia, habitada pela morte, pela dor, pela finitude, pela transitoriedade da vida numa procura incessante de algo que fica sempre aquém.
Nalguns poemas sinto quase a presença de Fernando Pessoa.
É uma das grandes poetisas de língua portuguesa, mas um pouco esquecida.
Abraço