domingo, junho 15, 2025

Poesia ao domingo

 Vidro Côncavo


Tenho sofrido poesia

como quem anda no mar.

Um enjoo.

Uma agonia.

Sabor a sal.

Maresia.

Vidro côncavo a boiar.


Dói esta corda vibrante.

A corda que o barco prende 

à fria argola do cais.

Se vem onda que a levante

vem logo outra que a distende.

Não tem descanso jamais.


António Gedeão, in Poesias Completas

16 comentários:

  1. Interessante poema de Rómulo de Carvalho, perdão, António Gedeão.
    Curiosidade: deu nome a uma escola, no Concelho onde vivo.
    Abraço, Leo, bom dia de domingo.

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    1. Além de poeta, ilustre professor e orientador de estágio em Físico-Química!

      Abraço

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  2. Poema que transmite uma sensação de sofrimento e agonia, usando imagens marítimas como o mar, a maresia e o vidro côncavo a boiar. A metáfora da corda vibrante presa ao cais também sugere uma sensação de tensão e de estar à mercê das ondas, que vêm e vão.

    Abraço da amiga muito sensível e intensa de emoções 🖤

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    1. A agonia decorre da criação poética que se confunde com a vida.
      Penso que não há criação sem sofrimento.

      Abraço

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  3. A primeira ideia que me veio à mente foi distorçāo.

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    1. A poesia leva-nos a múltiplas interpretações.

      Abraço

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  4. Um poema muito belo e triste de um dos nossos Grandes.
    Também eu estou, hoje, particularmente sensível...

    Um abraço

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  5. António Gedeão, aliás, Rómulo de Carvalho sempre
    a surpreender-nos.
    Um poema de amor sofrido e lindo.
    Abraço
    Olinda

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    1. Não o interpretei como um poema de amor, mas um poema sobre a criação poética que se confunde com a vida.

      Abraço

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  6. Um poema de uma grande realidade dos altos e baixos da vida!
    Beijos e um bom dia!

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  7. Um dos meus poetas favoritos !

    Abraço, boa semana

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  8. "Sofrer Poesia", como quem navega no mar alto, é um dom que eu gostaria de possuir.
    António Gedeão recebeu esse dom.
    Não conhecia o poema e adorei, por ser tão realista, dentro do conceito poético.

    Um abraço.

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  9. Também eu gostaria, mas parece que é um dom bem sofrido.
    Aqui há um paralelo entre a criação poética e a vida cheia de sobressaltos.

    Abraço

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