Já vos disse que sou de Minde, uma vilazinha do concelho de Alcanena, encravada entre a Serra d´Aire e de Candeeiros, onde existe o famoso polje e um "falar", antes chamado "calão minderico", usado pelos comerciantes que, quais andarilhos, percorriam o país a vender mantas e a comprar lãs. Parece que investigadores recentes concluiram que não era um calão, mas uma língua, uma vez que tem todas as suas características e ainda mais, vai ser declarada a 3ª língua de nosso país, a seguir ao Mirandês e ao Português, como é óbvio.
Além desta pequena descrição é também terra de artistas, pintores, músicos, poetas, ceramistas e escultores.
Há ali um qualquer "micro-clima"gerador destas "performances" que não tem a ver apenas com o código genético, pois que crianças nascidas lá e filhas de oriundos de outras bandas deram em músicos, principalmente.
Não será muito visível nesta foto, mas de 28 de Março a 5 de Abril realizou-se o 5º Festival de Jazz de Minde com um programa bastante aliciante.
Infelizmente só pude assistir ao espectáculo de ontem, mas valeu a pena.
Enquanto no palco as duas bandas nos deliciavam com os seus acordes, a "Groove 4Tet" e a "Xaral´S Band , esta da "casa", dois pintores da terra iam transformando duas telas em branco em quadros que no final seriam leiloados e o dinheiro entregue à organização do evento para a ajuda das despesas.
O que está em cima é do Rui Man, do dia 4 de Abril, bem alusivo ao jazz.
E este, ainda não totalmente concluido, é bem alusivo ao espaço, orgulho de todos nós, o polje ao entardecer, é do meu primo pintor, o tal que ainda é sobrinho-neto do Roque Gameiro.
Quero acrescentar que em Minde também há quem cante bem.
Eu só apanhei esse dom e mesmo assim às vezes desafino no Chorus Auris de Ourém, onde sou contralto...
Desculpai lá este súbito bairrismo!
Lingua? Nunca tinha ouvido falar! E vai ser oficial???
ResponderEliminarBelo quadro, sinceramente!
Fantástico! Adoro saber destas inciativas, tão pouco divulgadas no nosso país e no entanto há dezenas delas a ser feitas todos os dias.
ResponderEliminarParabéns pela tua Minde, Rosa!
Como se dirá em minderico:
ResponderEliminar- gosto muito do seu blog???
Abraço
JS
ontem passei por aí...mas à hora q foi...ja tinha terminado.
ResponderEliminarAi Minde, Minde...
Abraço conterraneo
....que senhora invejosa! o programa cultural devia ter sido anunciado antes de acabar... ehehehe...
ResponderEliminarBrincadeira...
Beijos
... claro que numa terra de artistas a administradora deste blog também tinha de dar um ar da sua graça. Com que então coralista e contralto?!
ResponderEliminarPois fique sabendo, minha cara amiga que eu (ah!este defeitozinho luso de não querer ficar atrás... ) também canto num coro, não desafino e sou baixo-baixo. Exactamente assim: baixo no registo de voz e baixo em altura que é para ficar na primeira fila e ser (bem) visto pelo público.
Abraço e sorrisos.
Fantástico!
ResponderEliminarEu gosto de Jazz, imagina que ando a assistir a um Curso da História do Jazz, "jazzado" pelo José Duarte.
A menina dança?...:))
Beijinho*
Pensava eu que o Milderico era um falar usado entre antigos comerciantes e que,não tendo uma sintaxe própria ,não seria mesmo um dialecto .Agora essa novidade de ser uma Língua,deixou-me surpresa,mas satisfeita já que a nossa comunidade linguística ficará mais rica,pois hão-de desenvolver-se estudos interessantes.Abraço Kincas
ResponderEliminarNão é por ser do Oeste, mas toda a zona centro do nosso país é rica em artes e artistas... música, escrita, pintura, e etc.
ResponderEliminarAbraço-te, pois!
Gostei muito de tudo o que me contas. Não conhecia esta faceta da tua terra. Vejo que es uma boa cronista e divulgadora das tuas raízes o que me parece magnífico.
ResponderEliminarGosto de Jazz, gosto de pintura, assim como da montanha, o que me obriga a ter de passar pela tua terra.
Recebe todo o meu apoio num grande abraço
Excelente cara Rosa.
ResponderEliminarEm Minderico, o festival era assim anunciado:
Que jorde cópios gertrudes conchego no
5º ARRAIAL DA DO ANDRÉ DA TROMPETE DO NINHOU
No Ninhou a do andré jorda ancho,e para a do andré da trompete não se jordam as caçoas, a do andré da trompete trilha-se e grunhe-se copiamente.
O Ninhou é uma terruja de andrés.
Uma terruja onde a do andré se jorda para a caturra e se gambia nas classes do touquim todos os planetas.
A do andré jorda no parreiral de todos os charales.
Um arraial da do andré da trompete era por isso emanação pantada.
Jorde pelas d’el rei ao Ninhou para trilhar e grunhir copiamente com os charales uma do andré da trompete!!!
Para ver a tradução:
www.jazz.minde.eu
Leonilde
ResponderEliminarNão resisti, e coloquei aqui, com a devida vénia à menina e ao Pedro Micaelo :-)
http://www.pnetliteratura.pt/cronica.asp?id=656
A pouco e pouco vai-se perdendo a ligação às raízes.
ResponderEliminarAinda bem que o teu sentimento bairrista se mantém!!!
Acho que tens muitos dons escondidos...
:))
Gostei muito do quadro de Rui Man.
Beijitos, Rosa dos Ventos.
Adoro saber destas iniciativas - e tradições - pujantes e que as pessoas preservam!!!
ResponderEliminarParabéns por Minde (tantas vezes escrevi este nome, trabalhava com Ind. Têxtil!) e toda a energia para esse cultivar Arte, assim, lateral aos "grandes eventos" das capitais.
Bjinho
Como artista que és tinhas que estar inserida numa terra com nome e história artística.
ResponderEliminarBeijos
Só uma pequena precisão:
ResponderEliminaro mirandês não é uma língua, mas sim um dialecto
- ainda por cima, não do português, mas da língua de Espanha que se fala próximo de Mirandela (creio).
Desejo-lhe uma excelente quadra pascal.
Informação interessante. Vou estar atenta.
ResponderEliminarQuanto ao bairrismo, desde que não exagerado, até é saudável :)
Beijinho
Caros amigos
ResponderEliminarPara todos os que revelaram interesse e opinaram sobre o calão minderico ou "piação do Ninhou" aqui vai em jeito de explicitação:
Há dias, quando precisava um termo usado por um amigo, que escreve quinzenalmente para o J.N. e coloquei entre parêntesis "calão minderico", ele disse-me que, segundo novos estudos no terreno feitos por uma jovem investigadora a preparar a sua tese de doutoramente, este falar ia passar a ter o estatuto de língua.
Esta jovem está mesmo a dar aulas de "piação" à sexta-feira que não posso frequentar porque tenho ensaio do coro nesse dia, além de viver a alguns kms mais a norte.
Quanto ao Mirândes, caro amigo virtual Vieira Calado, eu também aprendi na faculdade que era um dialecto, só que o Google o considera agora uma língua românica do grupo linguístico asturo-leonês com o estatuto de língua oficial nas Terras de Miranda.
Conclusão:
Os jovens investigadores em Linguística têm que encontrar novos filões para as suas teses de doutoramento e com esses estudos todos ficamos mais ricos.
Desculpai um comentário tão longo...
Sou "charal do Ninhou" e fui uma "covana didi" com tanta conversa! :-))
Abraço
Uma das amigas deste blog tem uma amiga de Minde, muito ligada à cultura local. Outra, fez há anos uma exposição de pintura num espaço que não lembro o nome e eu, de arrasto, lá estive na inauguração. Só recordo ruas estreitinhas - tenho de voltar!
ResponderEliminarAbraço
Pois é, Goiaba, vi logo quem era a amiga, quando há uns tempos falei deste primo num post ilustrado com dois quadros dele e houve um comentário de uma das administradoras do Marquesices.
ResponderEliminarEla é prima dele pelo lado Roque Gameiro, eu sou do outro...
Encontrei-a num evento em Alcanena e "tirámos a coisa a limpo", tanto mais que também somos amigas, andámos juntas na primária e voltámos a juntar-nos no final do liceu.
Abraço
Deves passar pelo palco da Festa, para receberes o teu certificado.
ResponderEliminarum abraço
ps: Podes comer amendoas e doces da Pascoa à vontade. O palco já está reforçado!
Já tinha ouvido falar do "minderico" mas também pensava que era calão.
ResponderEliminarFico feliz por saber que vai ser reconhecido como língua.
Também acho que tens razão para sentires orgulho nos teus conterrâneos.
Em terra de artistas... sê artista!
Parabéns pelo vozeirão.
Bjs
À "boleia" do F.J. ganhei uma nova visita!
ResponderEliminarMas participando em tantos blogues qual é mesmo o mais, mais pessoal?
Não sei se este invulgar falar dará em língua, apenas referi en passant o que tinha ouvido a um amigo...
Abraço
O mundo é mais pequenino do que pensamos e não é só nas histórias que há coincidências.
ResponderEliminarAbraço
que saboroso bairrismo...
ResponderEliminarabraço Rosa