sábado, setembro 13, 2025

Setembro

 Nos setembros da minha infância e adolescência ainda se fazia praia, porque as aulas começavam em outubro e eram belas tardes em jogos de grupos de amigos que passavam de um ano para o outro e dos banhos de sol a comer pastéis de nata ou bolas de Berlim.

Era também tempo de vindimas e, como o meu avô paterno tinha pelo menos três vinhas, pude participar nessa atividade muitas vezes. Eram umas uvas deliciosas e, tanto eu como os meus primos, comíamos mais do que apanhávamos.

A avó guardava as mais especiais para pendurar no celeiro, onde lentamente, se iam transformando em passas, enquanto em cima de uma enorme arca repousavam figos, maçãs e peras. Cheirava a outono quando lá entrávamos.

Agora, os meus netos já tiveram ontem a abertura do ano letivo e não demonstram grande entusiasmo em regressar à escola.

Lembro-me de estar ansiosa pelo começo das aulas, depois de três meses de férias, sobretudo no colégio que frequentei em regime de internato. Tínhamos tantas novidades para contar às amigas, os primeiros namoricos, os novos amigos que fizemos na praia, a arrumação da nossa cama no dormitório, vermos quem iria dormir ao nosso lado, vermos a nossa posição na sala de aula e arrumarmos os novos livros dentro da carteira.

Atualmente, não chegam a sentir saudades dos amigos, graças ou "desgraças" aos telemóveis, porque estão sempre em contacto com conversas e jogos.

Outros tempos, outros passatempos, tudo muda e nós também.

sexta-feira, setembro 12, 2025

Música à sexta











Rick Davies foi vocalista, teclista e cofundador da banda Supertramp.
Faleceu no sábado, dia 6 de setembro.

quinta-feira, setembro 11, 2025

Cretinices

 André Ventura vociferou contra a ida do PR à Alemanha ao Bürgerfest, em Berlim,  confundindo este festival com um festival de hambúrgueres.

Está cada vez mais demagogo e há quem vá nas suas patranhas!

Consegui introduzir o trema!

quarta-feira, setembro 10, 2025

Singularidades

 O tratamento por você está generalizado, mas sempre me incomodou, porque em miúda me ensinaram que essa prática era deselegante.

O you tão funcional da língua inglesa e o vous dos francófonos não se aplicam à nossa língua, porque entre o tu e o vós ficamos meio "desasados".

O você refere-se a uma segunda pessoa, com quem não temos intimidade, que depois é seguida de um verbo na 3ª pessoa do singular, 

Exemplos. Você prefere peixe ou carne?; Você é primo do meu vizinho?; Você pode sentar-se onde quiser.

No norte ainda se usa o vós na segunda pessoa do plural, exemplo: Vós sois de onde? e nós usamos o vocês também nada elegante.

À vezes lá me escapa um vocês e peço logo desculpa, substituindo por senhores, senhoras, caros ouvintes, etc. .

Quando me dirijo a alguém com quem não tenho intimidade uso normalmente o nome da pessoa, ou o senhor ou senhora seguidos também do verbo na 2ª pessoa do singular.

Singularidades da nossa língua.

O você do português do Brasil ainda veio complicar mais estas formas de tratamento.

Tudo isto a propósito de duas frases encontradas no livro de Mário de Carvalho que estou a ler.

"O licenciado Joel Strosse Neves dificilmente suportava que, fora de uma leve intimidade, um desconhecido o tratasse por você. Você é estrebaria, sete fardos por dia..."


E ainda me lembrei de uma colega do norte que, perante o você, retorquia sempre: -Você é estrebaria! Mas não acrescentava o resto. 

terça-feira, setembro 09, 2025

Leituras

 Lisboa, por más razões, está na berra.

Mas não vou por aí.

Concluído o livro de Ana Margarida Carvalho "Que Importa a Fúria do Mar" que me levou até aos horrores do Tarrafal, peguei ao acaso no "Era Bom Que Trocássemos Umas Ideias Sobre o Assunto" de Mário e Carvalho, pai de referida escritora.

Logo nas primeiras páginas surge uma descrição de Lisboa que  achei absolutamente pictórica.


"Quanto à cor de Lisboa, de tons sempre variáveis com o fluir das estações e os caprichos dos sóis de das atmosferas, disponho-me a jurar e a declarar notarialmente que branca não é. Basta subir-se ao miradouro da Senhora do Monte, ali a S. Gens, ou ao terraço do Hotel Sheranton, ou àquele enorme edifício azul que fecha a Alameda D. Afonso Henriques nos altos da Barão de Sabrosa, ou mesmo ao humilde convés dum cacilheiro, para poder verificar que a cidade, descontando o grená rugoso dos telhados, varia entre os rosas-suaves, os verdes-esbatidos, os amarelos doces, em milhentas tonalidades que não fazem mal à vista. Lá terá as suas brancuras aqui e além, mas estão precisamente colocadas, para compor o todo."


Prefiro pensar em Lisboa assim!

segunda-feira, setembro 08, 2025

Citação

 "Um ser humano verdadeiramente vivo não pode permanecer neutral."


Nadine Gordimer

(1923 - 2019)


Escritora sul-africana, Prémio Nobel da Literatura em 1991

domingo, setembro 07, 2025

Poesia ao domingo

 Vento no Rosto


À hora em que as tardes descem, 

noite aspergindo nos ares,

as coisas familiares

noutras formas acontecem.


As arestas emudecem.

Abrem-se flores nos olhares.

Em perspetivas lunares

lixo e pedras resplandecem.


Silêncios, perfis de lagos,

escorrem cortinas de afagos,

malhas tecidas de engodos.


Apetece acreditar,

ter esperanças, confiar,

amar a tudo e a todos.


António Gedeão, in Poesias Completas

sábado, setembro 06, 2025

Solidariedade


 

Tenho o lenço palestiniano há muito tempo e nem sei dizer como é que veio parar às minhas mãos.

Sei que tem significados diferentes para as cores de cada um.

Se começou por ser um lenço usado só por homens, essa prática alterou-se.

O meu kufiya é branco, preto e cinzento, como podem ver.

Estou a usá-lo como forma de mostrar a minha solidariedade com o povo mártir da Palestina e não por exibicionismo.

Cada um se manifesta de acordo com os meios e a sensibilidade que tem.

sexta-feira, setembro 05, 2025

Música à sexta



Neste tempo de tristeza e de dor os "Deolinda", num cenário de uma Lisboa serena, convidam-nos a brincar, a aproveitar o que de bom há na vida!

quinta-feira, setembro 04, 2025

Elevador da Glória



O elevador da Glória é um dos icónicos ascensores de Lisboa, cidade de sete colinas.

Este elevador liga a Praça dos Restauradores ao Miradouro de S. Pedro de Alcântara, um dos mais espetaculares da cidade, ao popular Bairro Alto e ainda ao Chiado, daí ser muito usado por turistas , mas também por portugueses residentes ou de visita.

É um elevador que conheço bem e que já utilizei várias vezes, nunca me passando pela cabeça que pudesse  ocorrer um acidente.

Inaugurado em 1885, tragicamente teve ontem um descarrilamento que fez 16 vítimas mortais e muitos feridos.

A cidade e o país estão de luto.