Nos setembros da minha infância e adolescência ainda se fazia praia, porque as aulas começavam em outubro e eram belas tardes em jogos de grupos de amigos que passavam de um ano para o outro e dos banhos de sol a comer pastéis de nata ou bolas de Berlim.
Era também tempo de vindimas e, como o meu avô paterno tinha pelo menos três vinhas, pude participar nessa atividade muitas vezes. Eram umas uvas deliciosas e, tanto eu como os meus primos, comíamos mais do que apanhávamos.
A avó guardava as mais especiais para pendurar no celeiro, onde lentamente, se iam transformando em passas, enquanto em cima de uma enorme arca repousavam figos, maçãs e peras. Cheirava a outono quando lá entrávamos.
Agora, os meus netos já tiveram ontem a abertura do ano letivo e não demonstram grande entusiasmo em regressar à escola.
Lembro-me de estar ansiosa pelo começo das aulas, depois de três meses de férias, sobretudo no colégio que frequentei em regime de internato. Tínhamos tantas novidades para contar às amigas, os primeiros namoricos, os novos amigos que fizemos na praia, a arrumação da nossa cama no dormitório, vermos quem iria dormir ao nosso lado, vermos a nossa posição na sala de aula e arrumarmos os novos livros dentro da carteira.
Atualmente, não chegam a sentir saudades dos amigos, graças ou "desgraças" aos telemóveis, porque estão sempre em contacto com conversas e jogos.
Outros tempos, outros passatempos, tudo muda e nós também.