terça-feira, março 05, 2013

O meu eu desconhecido...

"As pessoas gostam de usar palavras que não são de ninguém. Todos os dias há milhões de sentimentos, de desejos, de opiniões expressas com palavras forasteiras. Quantas vezes serão os sentimentos a adequar-se às palavras, e não o contrário? Seremos tão parecidos que não precisemos de encontrar palavras que nos sirvam?
Os artistas têm muitos nomes para diferentes azuis, os esquimós têm muitas palavras para diferentes tipos de gelo. Os apaixonados deveriam ter também muitas palavras para "amor": o amor da manhã, o amor do fim, o amor do passado, o amor possível. Todos deveríamos ter diferentes palavras para "eu": o eu que eu sinto, o eu que tu vês, o  eu que eu não sou."

In "No Meu Peito Não Cabem Pássaros" de Nuno Camarneiro

Vou a meio deste livro e esta passagem chamou-me a atenção precisamente pelo período final, o que fala do "eu".
É que eu não sei que "eu" sou e nesse caso precisaria de uma palavra para nomear o "eu" que desconheço!
E desse lado, será que também há gente que se desconhece?
Admiro a segurança com que tantos e tantas falam de si!
Serei um caso patológico?

26 comentários:

  1. Claro que não és um caso patológico !
    "EU" creio que todos nós temos, não apenas um "EU", mas, vários "EUS" desconhecidos, que muito provavelmente nunca iremos reconhecer.
    Claro que "EU" acho (?) que conheço muitos dos meus "EUS", para além de todos os outros "EUS" que os outros vêem em mim !
    Até por uma questão de disposição teremos vários "EUS" !

    Curioso que isto fez-me lembrar "Os AIS" de Mário Viegas ! :))

    Abraço de um dos meus "EUS" (isto sem complexos de esquizofrenia) :)))

    .

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  2. Este livro está na minha lista.

    Também devo ser um caso patológico, também não sei que "eu" sou, até porque acho que no meu "eu" há muitos "eus"...como diz o livro sou o "eu" que sou, sou o "eu" que não sou, sou o "eu" que os outros veem e dependendo das situações o meu "eu" pode mudar e mostrar um "eu" completamente diferente dos "eus" que sou ou não sou...

    Abracinho de "eu" :)

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  3. Patológico, o teu caso??

    Claro que não, rrss

    Beijufas

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  4. O meu "eu" são vários... cada um pior que o outro.
    :)

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  5. Somos tantos

    dentro de nós

    que só me apetece ser

    quem sou

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  6. Como sabe, eu sou três de cada vez, o que torna a minha patologia bem mais sem cura, nem emenda...

    Ninguém sabe falar com acerto desta "coisa" que temos cá dentro...

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  7. Longe de ser um caso patológico! As pessoas que falam seguramente de si apenas sabem ignorar melhor as questões mais íntimas que o seu próprio ser lhes coloca...

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  8. Então também o sou...

    Adoro textos que falam sobre as palavras, uma metalinguagem por assim dizer. Gostei do excerto.

    Beijinho

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  9. Li este livro há pouco mais de um ano, mais pelo título e por me ter sido recomendado por uma amiga. Gostei muito da escrita, de prosa poética, gostei menos da falta de verdadeiro enredo... ;)

    Quanto à última pergunta entendo-a mais como retórica, mas certo é que todos nos "desconhecemos" muitas vezes e temos reações inusitadas perante novas circunstâncias que nos rodeiam ou atingem! C'est la vie... :)

    Abraço

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  10. Também senti e sinto o mesmo e há algum tempo comecei também a pensar que à medida que os anos passam, também vou descobrindo um pouco como é que sou.

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  11. Eu sou uma pessoa muito racional, nada dada a lucubrações e como tal só me conheço com um EU, o meu EU! Quiçá, quem me rodeia e rodeou (os meus alunos)talvez tenham descoberto outros EUs entrelaçados no meu EU!

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  12. Querida Rosa, não és nada!
    Eu todos os dias me descubro e com a idade ainda mais e cada vez mais!
    Somos tantos, mas tantos "eus", ao longo da vida... por mim falo!
    Beijinhos grandes. :)

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  13. Eu...nem quero pensar nisso. Quero é descobrir mais palavras. :)

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  14. Será que também sou um caso patológico! agora lanças-me na dúvida...são tantos os meus eus...
    Bjs

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  15. Obviamente que não é um caso patológico, Rosa.
    Permita-me acrescentar apenas mais três premissas à questão que coloca
    1- O "Eu" é imutável? Não sendo ( na minha opinião) quando se fala do Eu está-se a falar de algo que se fixou a um momento.
    2-O "Eu" existe mesmo, é apenas uma percepção que nós temos de nós próprios, ou algo que criamos para nos "mostrarmos" aos outros?
    3- Finalmente: em que medida o Eu que eu vejo de mim, coincide com o "EU" que os outros vêem em mim?

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  16. Muito interessante.
    De patológico nada.
    A maioria das vezes não queremos saber nada desse eu, do nosso eu. Talvez pelo medo a descobrir algo que não nos agrade. Mas deveríamos fazê-lo.
    Nas aulas que frequento temos uma hora que dedicamos a encontrar o nosso eu, e resulta muito interessante...
    Abraços de vida

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  17. A busca do "Eu" enche de versos e de interrogações a nossa literatura.
    Acabei de escrever isto num comentário que fiz ainda agora.

    Conjugar as diferentes facetas do ser num só nome, inteiro, sem vestígios de fragmentos, eis o que move muitos poetas.


    Um beijo

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  18. Eu ainda ando à procura de mim (Quem és?) :))

    E cada vez me desconheço mais. Isso é que deve ser patológico, pela certa! :)

    Beijo

    Laura

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  19. Ora bem, parece-me que a diferença entre nós (eu e tu, mas também eu e tantas outras pessoas que caminham ao nosso lado) é que não me inquieta não me conhecer totalmente. Inquieta-me, sim, não me orientar quando um dos muitos "eus" que tenho em mim não está bem.
    Será que me fiz entender?:))

    Aquele abraço

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  20. gosto do outra lado da lua - inacessível (outra forma de dizer "patológico")

    beijo

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  21. Ora aqui vim passar e descobrir um cantinho agradável.

    Curiosamente com um post parecido aos que já publiquei. Como o ultimo.

    Andamos sempre a descobrir novos "EU" dentro de nós, e tantos restam ainda.
    E andam, outros também, sempre a descobrir novos "EU" em nós que julgámos não reconhecer. E assim continuaremos a andar.

    Beijinho
    (permite-me que seja teu seguidor)

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  22. Ainda falta aqui o "eu" que eu gostava de ser mas confesso que esse me preocupa cada vez menos, sou o que sou e pronto! Deve ser da velhice e não significa, nem de perto nem de longe, conhecimento de mim mesma! Dava jeito ter um psiquiatra à mão, mas ele só ia conhecer de mim o que eu quisese!(digo EU!):)))

    Um abraço.

    Um abraço

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  23. Como disse vou a meio deste livro que conta três estórias com três protagonistas, ainda não encontrei o ponto de encontro entre eles...
    O interessante da questão é que este excerto refere-se ao enredo passado em Lisboa com um tal Fernando...
    Penso que é "pessoa" que todos conhecemos bem! :-))
    Afinal, pelo que li, todos e todas somos "pessoas"!

    Abraço

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  24. Muito bem! a humildade é uma roupagem que está sempre na moda, seja qual for a época!

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  25. Eu estou sempre a encontrar coisas novas no meu "eu", ás vezes acho que ainda não me conheço, estou sempre a surpreender-me...

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  26. "Eu não sou eu nem sou o outro,
    Sou qualquer coisa de intermédio:
    Pilar da ponte de tédio
    Que vai de mim para o Outro."

    Um beijinho de parabéns, Rosa dos Ventos!

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