domingo, outubro 28, 2012

Cronos



Uns, com os olhos postos no passado,
Vêem o que não vêem; outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro,
Vêem o que não pode ver-se.

Por que tão longe ir pôr o que está perto -
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este o momento, isto
É quem somos, e é tudo.

Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.

Ricardo Reis

O conceito horaciano de carpe diem sempre tão presente na poesia do heterónimo de Pessoa, Ricardo Reis, a deixar-me com uma estranha sensação de viver num tempo suspenso tal como este relógio na parede amarela da minha cozinha!

18 comentários:

  1. É evidente essa sensação com que se fica.

    Belo trabalho de Ricardo Reis.

    Curiosidade: o relógio da foto é igualzinho a um que foi construído, de raiz, por um tio meu já falecido.
    Esse exemplar encontra-se religiosamente guardado. E ainda funciona.

    Abraço

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  2. Há lemas que não funcionam com todos.
    Sou como tu, Rosinha.

    Aquele abraço cheio de força

    (cá está o fabuloso relógio da parede igualmente fabulosa:))

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  3. Cara Rosa
    Encontrei no pequeno comentário que acrescentou ao poema, uma expressão "uma estranha sensação de viver num tempo suspenso" que defeniu com grande profundidade o tempo que vivemos.
    Abraço
    Rodrigo

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  4. Estamos num tempo suspenso? Talvez não, estamos num tempo de lura, minha querida!


    Bom domingo.

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  5. Gosto do conceito de carpe diem, o poema não conhecia, para não variar... O relógio, esse sim, não me é estranho... :)))

    Abraço e bom domingo!

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  6. Observando este e o post anterior, há uma linha de coerência que os une. Fica o conceito de viver a hora, mas ninguém, desde que cultive a memória, se consegue alhear do porvir. Só assim a esperança fará sentido.

    Um bom domingo!

    Beijo :)

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  7. Concordo contigo, essa sensação que estamos suspensos no tempo é avassaladora.

    Bjos

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  8. Sabes como sou admiradora incondicional de Pessoa. Mas Ricardo Reis é, para mim, o "último" dos heterónimos. Se calhar por ser mais clássico, mais difícil de ler.

    Mas deixa-me dizer-te: se o Reis e mesmo Horácio vivessem contemporâneos de Gaspar e de Passos, não falariam em "carpe diem" ...

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  9. Há poetas que, penso, têm de ser suspensos. Ou eles, ou nós ou Cronos... ou 'os outros'.

    Beijo e boa semana.

    Laura

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  10. Gosto do relógio.
    Gosto do poema e do poeta.
    Só não gosto que me mudem a hora.
    Esta hora.

    E o tempo que não passa até ser Primavera.

    Beijossss

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  11. Linda esta poesia que foste "colher". Também ando assim um pouco suspensa no tempo e do tempo.
    Beijinho, amiga

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  12. Aqui está o famoso relógio e a parede amarela a que a Nina se referiu há tempos e que eu não reparei! Nem sempre sou boa observadora!
    Quando me sinto suspensa – uma sensação que me amedronta – sonho! Sonhar é meio caminho andado para uma realidade que ansiosamente queremos viver.
    E agora vou trabalha.
    Abraço

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  13. Em causa o conceito do "agora" !
    O amanhã de facto não existe, por que ainda não chegou, nem sabemos se lá chegaremos nós; o ontem também já não existe porque passado e morto !
    Resta-nos o presente, o momento, o agora !
    Aproveitemos bem cada momento, porque é no "agora" que se vive !

    Abraço, Rosa ! :))
    .

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  14. Comungo contigo da mesma sensação...
    Bjs

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  15. OI ROSA DOS VENTOS!
    UMA BELA ESCOLHA PARA NOS ENCANTAR...
    ABRÇS
    zilanicelia.blogspot.com.br/
    Click AQUI

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  16. neste Outono deixo o meu vento


    Queria ser
    O que queria ser?
    Queria ser vento...
    Para ser livre...
    Para te tocar
    E te abraçar

    E de mansinho
    Chegar-me a ti
    E sussurrar-te
    Como gosto de ti...

    E devagar
    Devagarinho
    Ia-te acariciando
    E tu ias notando
    Que eu estava aí...

    E o vento
    Ia crescendo
    E mesmo com força
    Gostava de o ser...
    Para que visses
    A força que tenho...

    Força do vento
    Vento tufão
    E queria...
    Poder ter-te...
    Sempre na minha mão.

    LILI LARANJO

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  17. Olá Rosa,
    Vi o comentário que deixaste na Mansarda. Espero que o problema não seja grave e que esteja totalmente controlado. E é verdade amiga, hoje temos Sol. Sempre ficamos mais animadas.

    Beijinho

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  18. Tic, tac, gosto de relógios. Este é muito bonito, artesanal!
    Abraços

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